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Caso Clínico 9

No posto de saúde, chegaram, na mesma semana, 3 pacientes com quadros muito parecidos de ardência ocular, sensação de queimação e vermelhidão no olho. Com um aparelho celular e uma lente de câmara anterior, foi possível avaliar a presença de edema conjuntival. No entanto, algumas diferenças sutis que somente uma boa conversa e um bom exame físico puderam detectar foram importantes para o diagnóstico diferencial:

Paciente A: Lacrimejamento excessivo com pequena secreção mucosa, presença de pequenos folículos na região da conjuntiva (foto), nódulos pré- auriculares edemaciados e dolorosos. História recente de quadro gripal.

Paciente B: secreção purulenta, unilateral e reação conjuntival na forma de papilas

Paciente C: história de rinite; prurido e edema bilaterais; presença de papilas no exame

 

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Respostas:

1. Conjuntivite

2. A: viral; B: bacteriana; C: alérgica

3 A: O tratamento é para alívio dos sintomas: lágrimas artificiais sem conservantes 3-6x/dia, além da aplicação de compressas frias nos olhos. Se o prurido for muito intenso, pode lançar mão de colírios anti-histamínicos. Além disso, é importante avaliar se existe a presença de pseudomembranas, as quais precisam ser removidas com cotonete.

B: As medidas gerais de tratamento são cuidados de higiene, compressas frias e lubrificantes oculares. A instituição de antibiótico leva em conta a gravidade do quadro.

Em recém nascidos, surge entre 24-48h e é sempre grave, pois existe o risco de perfuração ocular. A profilaxia nos neonatos se faz com colírio de nitrato de prata.

C: O esquema terapêutico vai ser com vasoconstritores e compressas frias para diminuir os sintomas, além do uso de antialérgicos tópicos (colírios) e sistêmicos. Colírios de corticoide podem ser utilizados nos quadros mais severos, contanto que se tomem precauções para que estes não sejam utilizados por um período prolongado.

A partir dos casos, reponda as perguntas:

1. Qual é o provável diagnóstico dos 3 ?

2. Qual é a provável etiologia de cada um?

3. Há diferenças no tratamento? Explique

Resumo:

A conjuntiva é uma membrana mucosa semitransparente que inicia no limbo e cobre a parte branca anterior do globo ocular. Ela começa na borda posterior das pálpebras, segue pela face interna, recobre o fundo de saco e depois o bulbo ocular. Assim, pode ser chamada de conjuntiva palpebral (tarsal) ou bulbar

A conjuntiva protege o olho de infecções, corpos estranhos e substância irritantes. No entanto ela é muito suscetível a bactérias e vírus. Conjuntivite é a infamação do tecido conjuntival, o qual pode ser devido a causas infecciosas (vírus, bactérias, fungos, parasitas) ou não-infecciosas (alérgica, química, física). No exame físico, é sempre importante fazer a eversão da pálpebra, para que se consiga avaliar a conjuntiva tarsal.

Conjuntivite viral é a causa mais comum. O adenovírus costuma ser o seu agente etiológico e, normalmente, na anamnese, é possível coletar história de recente infecção gripal. O paciente apresenta hiperemia ocular (olhos vermelhos), secreção aquosa abundante com pouca ou nenhuma secreção mucopurulenta, presença de pequenos folículos na conjuntiva e nódolos pré-auriculares (na frente da orelha) edemaciados e dolorosos. Muitas vezes, começa em um dos olhos e depois de alguns dias se manifesta bilateralmente. É uma condição autolimitada

Como é muito contagiosa, mais familiares podem estar com sintomatologia. É importante orientar para evitar apertos de mãos, tomar cuidados de higiene, como lavagem de mãos frequente e buscar não compartilhar toalhas ou maquiagem. O tratamento é para alívio dos sintomas: lágrimas artificiais sem conservantes 3-6x/dia, além da aplicação de compressas frias nos olhos. Se o prurido for muito intenso, pode lançar mão de colírios anti-histamínicos. Além disso, é importante avaliar se existe a presença de pseudomembranas, as quais precisam ser removidas com cotonete.

 

Conjuntivite bacteriana: Como há secreção purulenta, os pacientes referem que os cílios estão grudentos e, com frequência, relatam que as pálpebras aparecem “coladas” ao despertar. Ao exame, visualizam-se papilas na conjuntiva. A forma crônica apresenta sintomas leves, geralmente acompanhados de blefarite e dacriocistite. É importante avaliar os nódulos pré-auriculares, os quais, diferentemente das conjuntivites virais, não vão estar edemaciados nem dolorosos. Staphylococcus e Estreoptococcus são os agentes mais comuns. Em crianças, deve-se pensar em Haemophilus e, em adultos, Clamídia ou Gonococo. As medidas gerais de tratamento são cuidados de higiene, compressas frias e lubrificantes oculares. A instituição de antibiótico leva em conta a gravidade do quadro.

Em recém nascidos, surge entre 24-48h e é sempre grave, pois existe o risco de perfuração ocular. A profilaxia nos neonatos se faz com colírio de nitrato de prata.

 

Conjuntivite alérgica: Na anamnese, pode existir história de alergias sazonais, aliadas a sintomas alérgicos como tosse seca, rinite e/ou faringite. O paciente apresenta um quadro de hiperemia (olho vermelho), mas suas principais queixas são prurido e sensação de queimação ocular. Ao exame, pode constar quemose com edema palpebral, secreção aquosa e presença de muitas papilas na conjuntiva. É importante buscar evitar os alérgenos, caso seja possível identifica-los. O esquema terapêutico vai ser com vasoconstritores e compressas frias para diminuir os sintomas, além do uso de antialérgicos tópicos (colírios) e sistêmicos. Colírios de corticoide podem ser utilizados nos quadros mais severos, contanto que se tomem precauções para que estes não sejam utilizados por um período prolongado.

Referências

1. Oftalmologia - Fundamentos para Graduação em Medicina; Dr. Manuel Vilela e Dra. Carina Colossi

3. Kanski Oftalmologia

4. Goodman and Gilman's the pharmacological basis of therapeutics

5. Wills eye

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© 2017 Voluntariamente por Pedro Menna Barreto e Prof. Dr. Manuel Vilela.  

Programa de Iniciação à Docência (PID) da UFCSPA

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