OFTALMOLOGIA
AMBIENTE DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE
Caso Clínico 10
Masculino, 10 anos, hígido, estava super empolgado que iria presenciar um eclipse em sua cidade. No dia, ficou olhando admirado para o fenômeno durante 15 minutos. Ao chegar em casa queixou-se de cefaléia, ofuscamento e diminuição da visão. Foi à emergência e, no exame ocular, evidenciou-se essa imagem:

(Imagem do Wills eye Manual)
1. Qual é o provável diagnóstico?
2. Como descreveria a lesão?
3. Quanto tempo é necessário para haver dano ocular?
4. Qual o prognóstico?
5. Que precauções devemos tomar antes da exposição ocular ao sol?
Respostas:
1. Retinopatia solar
2. Ponto amarelado foveal e parafoveal (ao redor da fóvea), circundado por um halo eritematoso
3. Há relatos de, desde alguns segundos, a minutos de exposição direta
4. O tratamento é observacional. Em geral, há uma recuperação visual gradual. É raro haver redução significativa da acuidade visual a longo prazo. No entanto, se surgirem escotomas, eles não tendem a desaparecer, embora isso possa não influenciar na acuidade visual do paciente. Em todos os casos, é fundamental orientar o paciente da importância de manter o seguimento.
5. Olhar diretamente para o sol não é seguro, a menos que este esteja completamente coberto pela lua (naqueles poucos segundos de eclipse total) ou a pessoa tome medidas específicas de segurança. A mais eficaz é o uso de filtros de lentes especificamente criados para a proteção de óculos de sol, celular, binóculos e luneta. Na hora de comprar tais equipamentos, é importante assegurar que são de boa qualidade.


Resumo:
A retinopatia solar é uma afecção traumática da mácula causada pela exposição à energia radiante do sol por curto período de tempo. A observação de do fenômeno de eclipse solar é a etiologia mais frequente de retinopatia solar. No entanto, pode ter relação com rituais religiosos, doenças psiquiátricas, drogas alucinógenas, banhos de sol, aviação, serviço militares, ingestão de LSD.
No exame do fundo de olho, imediatamente após a exposição, a mácula pode estar normal. Após 24 horas, há perda do reflexo foveal e em uma semana aparece uma lesão amarelada foveal. Após 14 dias a lesão desaparece nos casos brandos. Porém, em casos moderados a fóvea fica eritematosa com aparência de um cisto avermelhado ou surge uma pequena (25 a 50 µm) depressão lamelar (buraco macular) circundado por um anel pigmentado, que é altamente sugestivo de prévio olhar para o sol. (Gass JD. Stereoscopic atlas of macular diseases: diagnosis and treatment. 3rd ed. St Louis: Mosby;1987. p.570-2; Retinopatia solar após ritual religioso na cidade de Londrina, Arq Bras Oftalmol 2004;67:271-5)
O modo mais seguro de se visualizar um eclipse solar é de forma indireta, através de uma abertura estenopeica que projeta a imagem do sol em uma tela. As pessoas que irão se submeter a lugares muito iluminados e que refletem grande quantidade de luz, como esquiadores, pescadores, velejadores e banhistas precisam fazer uso de equipamentos de proteção, como chapéus, viseiras e óculos de sol com proteção para raios ultravioleta e antirreflexo.
1. Wills Eye Manual
2. Retinopatia solar após ritual religioso na cidade de Londrina, Arq Bras Oftalmol 2004;67:271-5
3. Gass JD. Stereoscopic atlas of macular diseases: diagnosis and treatment. 3rd ed. St Louis: Mosby;1987. p.570-2