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Caso Clínico 5

Respostas:

1a. Acalmar a pessoa /manter-se calmo.

1b. Não esfregar olhos: o spray de pimenta (o Oleorresina Capsicum é que gera os efeitos) é uma substância à base de óleo, que leva à hiperalgesia e ardência intensa dos olhos e da pele. Deve-se resistir à tentação de tocar ou esfregar a região da face, pois isso aumenta a área afetada, piorando a sensação dolorosa.

1c. Piscar os olhos abundantemente: isso favorece à remoção dos resíduos do spray pela lubrificação lacrimal.

1d. Pedir auxílio para remoção de lentes de contato: os resíduos do spray se aderem às lentes agravando a lesão (jogar lentes fora). Como suas mãos provavelmente têm spray, pedir auxílio.

1e. Remoção de camiseta: em caso de exposição intensa, a vestimenta pode estar impregnada.

1f. Aplicar solução alcalina na região: como a capsaicina não é solúvel em água, o seu uso exclusivo não vai reverter o quadro doloroso. É preciso borrifar solução alcalina, como anti-ácidos (misturados com água) ou leite nos olhos, boca e rosto. Aplicar solução salina abundantemente, como soro fisiológico, também é uma opção de alívio.

1g. Procurar emergência: os resíduos podem perdurar no saco conjuntival, continuando a irritação ocular, mesmo após a lavagem superficial. Assim, é importante que seja realizada uma limpeza por profissional experiente.

 

2. Lacrimejamento, blefaroespasmo, dor em ardência, prurido

3. Dependem de diversos fatores - tempo de exposição, distância entre vítima e spray, concentração de capsaicina. Podem ocorrer baixa acuidade visual, quemose conjuntival, redução transitória da sensibilidade corneana, dano à camada epitelial da córnea, isquemia límbica, pseudopterígio, neovascularização corneana e edema corneano. Podem persistir por dias ou meses. Em alguns casos, pode evoluir para úlcera de córnea e, em caso de irrigação tardia, o spray de pimenta pode causar redução permanente de visão devido ao astigmatismo associado à opacidade corneana.

4. Trato respiratório: período de latência dos sintomas é de alguns minutos a 2 semanas. A clínica inclui tosse, dispneia, obstrução laríngea, reação de hipersensibilidade , laringoespasmo, dor em queimação na "garganta"

Pele: queimaduras e reações de pele importantes, como eritema e edema, dermatite eritematosa da face, pescoço e mãos.

 "erupções vesiculares"

Cardiovascular: taquicardia e hipertensão transitória, provavelmente iniciadas pelos reflexos autonômicos ou pelo estresse emocional (controverso)

Gastrointestinal: Em caso de ingestão, podem ocorrer náusea, vômito, diarreia e hematêmese.

5. Utilizar óculos de proteção ou de natação e máscara para proteção bucal, além de levar uma mistura com 50% de água e 50% solução anti-ácida que devem estar em frasco para aplicação em spray. Leite pode ser útil (levar toalha que deve ser mergulhada no leite e depois aplicada sobre a face).

1.Quais são as principais medidas imediatas a se tomar (ou instruir) após sofrer ou presenciar um ataque com spray de pimenta?

2.Sintomas oculares imediatos?

3.Prognóstico ocular?

4.Correlações sistêmicas?

5.Medidas de prevenção para as próximas manifestações?

 

Você está participando de um protesto, em Porto Alegre, e, durante uma confusão entre manifestantes, um dos seus amigos é atingido por spray de pimenta no rosto. Seu amigo está muito agitado, pedindo socorro e referindo muita dor.

Resumo:

Há registros de uso de gases irritantes desde 428 A.C. na guerra entre atenienses e espartanos. Os agentes químicos modernos que causam intenso lacrimejamento e blefaroespasmo foram desenvolvidos pelos alemães na primeira guerra mundial e costumam ser utilizados por forças de segurança para controle de distúrbios civis e para defesa pessoal.

O spray de pimenta tem como componente ativo a oleorresina das plantas do gênero Capsicum - a capsaicina. Costuma ser chamado de Oleorresina Capsicum e constitui por volta de 10% da solução do spray. Irrita os olhos e causa lacrimejamento, dor e diminuição da acuidade visual temporária ou até mesmo permanente. 

A exposição gera dor incapacitante imediata e severa. A dor ocular e nasal é consequência da estimulação das terminações nervosas do nervo trigêmeo na córnea e na fossa nasal, as quais são muito sensíveis à exposição a essas substâncias químicas.

A tosse é iniciada não só quando a substância química irritante estimula as terminações nervosas do nervo sensitivo vagal na laringe, mas também pela estimulação de secreções nas via respiratória causadas pelos reflexos sensoriais autônomos. O agravamento da tosse contribui para a incapacidade do indivíduo, visto que a secreção pode obstruir a via aérea, causando a sensação se sufocamento.

 

Chloroacetophenone e o-chloro-benzylidne malononitrile são outros exemplos de compostos que já foram usados como gases lacrimejantes. Seus efeitos sistêmicos e oculares são similares ao oleorresina capsicum.

Referências (Clique para baixar)

1.  Kim YJ, Payal AR, Daly MK, Effects of Tear Gases on the Eye, Survey of Ophthalmology (2016)

2. Schwere okuläre Verätzung nach Pfeffersprayangriff, Severe Chemical Burn to the Eye after Pepper Spray Attack, Klin Monatsbl Augenheilkd 2014; 231: 327–328

3. Rifat Rasier, Amber Senel Kukner, Elvan Alper Sengul, Nazli Gul Yalcin, Onur Temizsoylu and Halil Onder Bahcecioglu, The Decrease in Aqueous Tear Production Associated with Pepper Spray, Current Eye Research, 2015; 40(4): 429–433 

4.Juha M. Holopainen, Jukka A.O. Moilanen, Tapani Hack, and Timo M.T. Tervoa, Toxic carriers in pepper sprays may cause corneal erosion, Toxicology and Applied Pharmacology 186 (2003) 155–162

5. Craig Rothenberg, Satyanarayana Achanta, Erik R. Svendsen, and Sven-Eric Jordt, Tear gas: an epidemiological and mechanistic reassessment, Ann. N.Y. Acad. Sci. 1378 (2016) 96–107 

6. Thomas Kearney Pharm, Patricia Hiatt BS, Elisabeth Birdsall Pharm & Craig Smollin, Pepper Spray Injury Severity: Ten-year Case Experience of a Poison Control System, Prehospital Emergency Care

7. Younes Panahi, Mohammad Reza Niyousha Farabi, Samad Golzari, Acute and Chronic Effects of Disturbance Control Factors, Complications and Treatment Method: A Review2011 Lippincott Williams & Wilkins

8. Simon Gerber, Beatrice E. Frueh, and Christoph Tappeiner, ConjunctivalProliferationAfteraMildPepperSprayInjury in a Young Child, 2011 Lippincott Williams & Wilkin

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© 2017 Voluntariamente por Pedro Menna Barreto e Prof. Dr. Manuel Vilela.  

Programa de Iniciação à Docência (PID) da UFCSPA

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